Divagardivagarinho...
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
O QUOTIDIANO «NÃO»
«Estamos todos bem servidos
da solidão.
De manhã a recolhemos
do saco,em lugar do pão.
Pão é claro qe temos
(não sou exagerado)
mas esta imagem do saco
contendo um pequeno «não»
não figura nesta prosa
assim do pé para a mão
pois o saco utilizado,
que pode ser o do pão,
recebe modestamente
a corriqueira fracção
desse alimento que é
tão distribuído,tão
a domicílio como
o leite ou o pão.
Mas esse leitor aí
(bem real!) já diz que não,
que nunca viu no tal saco
o tal «não».
Ao que o poeta responde,
sem maior desilusão:
_Para dizer a verdade,
eu também não...
Mas estava confiante
na sua imaginação
(ou na minha...) e que sentia
como eu a solidão
e quanto ela é objecto
da carinhosa atenção
de quem nos fornece
o quotidiano «não»,
por tdos os meios,desde
a fingida distracção,
até ao entre-parêntesis
de qualquer reclusão... »
ALEXANDRE O´NEILL
livro «Abandono Vigiado», 1960
da solidão.
De manhã a recolhemos
do saco,em lugar do pão.
Pão é claro qe temos
(não sou exagerado)
mas esta imagem do saco
contendo um pequeno «não»
não figura nesta prosa
assim do pé para a mão
pois o saco utilizado,
que pode ser o do pão,
recebe modestamente
a corriqueira fracção
desse alimento que é
tão distribuído,tão
a domicílio como
o leite ou o pão.
Mas esse leitor aí
(bem real!) já diz que não,
que nunca viu no tal saco
o tal «não».
Ao que o poeta responde,
sem maior desilusão:
_Para dizer a verdade,
eu também não...
Mas estava confiante
na sua imaginação
(ou na minha...) e que sentia
como eu a solidão
e quanto ela é objecto
da carinhosa atenção
de quem nos fornece
o quotidiano «não»,
por tdos os meios,desde
a fingida distracção,
até ao entre-parêntesis
de qualquer reclusão... »
ALEXANDRE O´NEILL
livro «Abandono Vigiado», 1960
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